terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O IMPACTO DA TECNOLOGIA NA SALA DE AULA



O IMPACTO DA TECNOLOGIA NA SALA DE AULA


          O professor da Escola Dominical deve estar atento aos avanços tecnológicos e científicos. Essas mudanças impactam a sociedade e consequentemente a igreja.
Não podem ser alheios a esses acontecimentos pois esses refletem diretamente na nossa prática.
São alunos com laptop, celular, orkut, facebook, blog, a própria forma de comunicação do homem mudou.
Identifica-se uma sociedade complexa em um mundo globalizado. Se o professor não acompanhar esses avanços pode ser sucumbido pela avalanche de informações. 
Ensinar a Palavra de Deus não é uma tarefa fácil. O orkut, o facebook estão lotados de alunos, mas quantas horas esses alunos dedicam-se ao estudo da bíblia?
Com os avanços dos meios de comunicação o professor passa a ocupar uma posição secundária e tais meios a primazia em conceder informações e sugestões aos alunos.
O professor deve rever a sua prática. Sendo um bom educador, amante da leitura, do estudo, do aprendizado contínuo, o mestre sabe que ensinar não é transmitir conhecimento.
Na era da informação, o mestre deve lançar mão dos recursos tecnológicos e oferecer aos alunos uma visão contemporânea. Na exposição dos conteúdos aos alunos devem ser motivados a intervirem na realidade revertendo a passividade.
Como tem sido as nossas aulas? Nosso alunos estão interessados? O aluno que “navega na internet” terá interesse por uma mensagem distante da sua realidade?
Estamos diante de um novo aluno com novas características, um novo espectador. Não posso utilizar os mesmos métodos de 30, 40 ou 50 anos atrás.
A sociedade está em constante mudança e esta não é mais local e sim mundial. O aluno de hoje interage com pessoas de outras países e continentes.
O professor deve construir uma nova comunicação com os alunos.
O educando passa a ter participação na construção do conhecimento. Professor e aluno aprendem.
A tecnologia pode potencializar o ofício do professor.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Novas ideias sobre EBD.

Há praticamente 15 anos tenho desempenhado a função de professor da Escola Bíblica Dominical e isso agora me permite fazer uma avaliação, pelo menos em linhas gerais, da qualidade do ensino que tem sido ministrado às crianças, adolescentes e adultos.

Há não ser que eu tenha tido a infelicidade de estar vinculado a congregações que não tinham tradicionalmente uma EBD de qualidade, a impressão que eu tenho, de acordo com minha experiência - e peço desculpas se estiver errado – é que há uma deficiência considerável na qualidade de ensino.

Por inúmeras vezes, já assisti a aulas nas quais senti sono, e acabei entendendo que não se atribuir total culpa aos cristãos pela falta de interesse em ir à EBD. Quem tem estrutura para ouvir, durante mais de uma hora, um professor apático, tedioso, sem nenhuma criatividade, que apenas repete o texto da revista como um robô e nada mais? Não bastasse isso, no final da aula às vezes se tem de ouvir o dirigente da congregação repetir, de maneira insípida, todo o conteúdo da revista, aumentando ainda mais o tédio. Não é de se estranhar que, em muitas congregações, a audiência seja pouca. Essa “mesmice” é um fardo.

É necessário que saiamos de nosso comodismo e pensemos em formas de mudar essa situação. Temos de reinventar a EBD, através da adoção de medidas que proporcionem o seu crescimento e assim atraiam novamente os filhos de Deus para o ensino. Quero dar a minha contribuição apresentando uma relação de providências que, segundo minha opinião, devem ser tomadas:

1) Escolha criteriosa dos professores

É inegável que os professores da EBD de nossas igrejas são, em sua maioria, pessoas sinceras e esforçadas, as quais buscam agradar a Deus com seus serviços. Entretanto, é também evidente que alguns deles não tem a mínima condição de ensinar. É preciso que o professor tenha algumas qualidades naturais, como uma boa dicção, desenvoltura, iniciativa, amabilidade, etc., apresente um certo domínio das Sagradas Escrituras e possua conhecimentos gerais de história, geografia, ciências e outras matérias que são ensinadas no ensino fundamental e médio. Não é preciso que se tenha um doutorado ou mestrado pela universidade de Harvard. O dirigente da congregação precisa localizar as pessoas com essas qualificações e arregimentá-las.

2) Reuniões com os professores

O superintendente da EBD, se possível com a presença do dirigente, deve realizar reuniões periódicas com os professores, com o objetivo de dar instruções gerais sobre os métodos de aula, corrigir as imperfeições e fomentar a troca de idéias.

3) Planejamento das aulas

O professor deve estudar durante a semana, minuciosamente, todo o conteúdo da lição; mais do que isso: precisa planejar a sua aula. Infelizmente, alguns professores deixam para estudar a lição no sábado à noite, durante dez minutinhos, antes de dormir. Outros nem estudam, contando que Deus lhes concederá uma inspiração divina na manhã de domingo, como se o Senhor ajudasse a preguiçosos. A promessa de Jesus é que o Espírito Santo nos lembraria de todas as coisas, mas nós só podemos lembrar daquilo que efetivamente estudamos.

4) Utilização de recursos audiovisuais

Segundo o “Manual de Ensino para o Educador Cristão”, de Kenneth O. Gangel & Howard G. Hendricks, “audiovisual” diz respeito à apresentação da informação constituída da combinação de som e imagem. Dentro desta definição encontramos ampla extensão de possibilidades. Mark Hendrickson ressalta que “esta teoria da educação considera a mídia muito além do conceito de recursos audiovisuais (ou seja, a mídia é somente uma auxílio na sala de aula tradicional). Para estes educadores, quando a mídia é corretamente compreendida e usada no ensino, ela se torna parte integrante de uma abordagem revolucionária à educação”.

O que os recursos audivisuais podem fazer?

a)Os recursos audiovisuais estimulam o interesse

Entusiastas dos recursos audiovisuais frisam que a aprendizagem acontece por todos os cinco sentidos e o uso da mídia tão-somente tira a vantagem de mais de um deles de cada vez. Isto força mais envolvimento e, conseqüentemente, mais interesse. Certo estudo indica que aprendemos:

1% pelo paladar
1,5% pelo tato
3,5% pelo cheiro
11% pelo ouvido
83% pela visão.

b) os recursos audiovisuais aceleram a aprendizagem

Quando uma importante academia de aviação trocou os tradicionais métodos de ensino por simuladores de vôo, houve redução de um terço à metade do tempo de treinamento.

c) Ainda, segundo o manual citado, os recursos audivisuais evitam mal-entendidos

Durante um jantar de domingo um pastor perguntou ao seu filho, que tinha cinco anos de idade, que lição tinha aprendido na Escola Dominical. “Oh, sobre baleias”, respondeu ele. “É mesmo! O que as baleias fizeram?”. “Elas deram água para centenas de camelos, bois e ovelhas”. “Não diga!”. “Como foi que elas fizeram?”. “Bem, elas só abriram a boca e a água saiu”. No fim adivinhei que a lição fora sobre os poços que os patriarcas cavaram nos tempos bíblicos. O pastor também descobriu que a professa não tinha usado qualquer recurso audiovisual.

d) Os recursos audiovisuais melhoram a memória.

Estudos revelam que o uso da mídia afeta significativamente o quanto nos lembramos. Quando o professor só fala, depois de três dias lembramos de 10% do que foi ensinado. Quando o professor só mostra, depois de três dias lembramos de 20% do que foi ensinado. Quando o professor usa uma combinação de falar e mostrar, depois de três dias lembramos de 65% do que foi ensinado!

5) Utilização de métodos criativos de ensino

Vejamos o que diz o livro “101 Idéias Criativas” de David Merkh e Paulo França: “O problema com muitos professores é que eles ficam “bitolados” – os mesmos métodos, a mesma estrutura – a síndrome do “mesmo-mesmo”. Criatividade exige inovação, que implica insegurança para muitos. Mesmo que “não exista nada novo debaixo do céu” (Eclesiastes 1.9), para o professor existe muita novidade, pois ELE nunca usou determinado método com esses alunos. E se não funcionar?. E se os alunos derem risadas de mim? O professor seguro reconhece que uma idéia ou outra não vai funcionar mesmo, mas que o risco será mais do que recompensado a longo prazo. Pelo menos descobriu algo que NÃO funciona em determinado contexto. Além disso, estará formando hábitos como comunicador que tornarão sua aula uma experiência de aprendizagem, e não simplesmente “mais uma aula”. Acima de tudo, NÃO DESISTA, mesmo que uma idéia ou outra não funcione.”

6) Necessidade de recapitulação

Como saberemos se o alunos efetivamente aprenderam alguma coisa? Recapitulando a matéria por meio de avaliações e provas. Segundo o livro acima citado “infelizmente, a maioria dos professores não explora essa técnica excelente da melhor forma. Por exemplo, muitas vezes o professor faz a correção da prova muito tempo depois da aula, sem devolvê-la e sem a correção dos erros do aluno. O ideal em termos do uso da prova como forma de recapitulação é que os próprios alunos a corrijam logo depois de fazê-la, e que consertem seus erros. A criatividade maior na elaboração de provas e exames também despertará uma aprendizagem melhor pelos alunos.
Minha oração é que Deus venha a incutir essas idéias em nossas mentes e nos conceda condições para colocá-las em prática e assim revolucionar a Escola Bíblica Dominical.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Jesus Modelo para quem Ensina






O professor ensina com autoridade

No Novo Testamento, com certa frequência, a palavra mestre é sinônimo de autoridade ou reverência. Lucas a usa normalmente com o sentido de Senhor. Em Mateus, Marcos e João, Jesus é apresentado principalmente como Mestre ou Rabi. O próprio Jesus afirmou, "vós me chamais o Mestre e Senhor e dizeis bem; porque eu o sou", João 13: 13.
Rabi ou Mestre era um termo de respeito e autoridade que o homem dava aos escribas ou o estudante ao seu professor. Com a evolução semântica, essa palavra passou a ser utilizada apenas como um título. Uma pessoa era considerada capaz de ensinar a lei quando tinha o reconhecimento de três rabinos.
Contudo, é significante ressaltar as mutações de vocábulos, na língua grega, para pessoas que desenvolvem essa função: didaskalos pode indicar alguém que ensina sobre Deus; epistates, uma pessoa que professa as verdades religiosas; rhabbi, um título usado pelos judeus para seus ensinadores; kathegetes, para um guia que ensina; kurios, um título com que os criados cumprimentavam seus mestres; paidagogos, escravos encarregados de supervisionar e ensinar os filhos de seu Senhor. Mas, todas essas palavras têm ligação direta ou indireta com a ideia de instruir, treinar e educar. Delas nascem o conceito de ensinar e de educar no mundo judaico.
As atitudes, métodos, maneira de relacionar-se e a própria pessoa de Jesus podem ser considerados paradigmas para o magistério com autoridade. Através de relacionamentos, instruções, doutrinas e treinamentos, Ele utilizou muitas formas didáticas que caracterizaram Sua autoridade.
        O professor ensina e as pessoas aprendem
Jesus veio salvar e dar vida em abundância. Entretanto, não utilizou o modelo institucional da época; antes, colocou-se como o próprio caminho para isso. A sua pessoa foi o exemplo a ser seguido e, por isso, constituiu-se no maior ensinamento e, ao mesmo tempo, no maior aprendizado que alguém podia almejar. Ele viu a continuidade de sua obra na forma de uma imitação, ou seja, as pessoas que O seguiam procuravam imitar sua vida em tudo.
O tema central de seu ensino e ministério foi o Reino de Deus. Para Ele, viver o Reino é o único ponto de vista aceito por Deus. É através da compreensão do Reino que uma pessoa deve pautar todo o viver cristão: a ética, a moral, a fé, a esperança, a salvação, a libertação, a proclamação, a solidariedade, a justiça, o amor, etc... Por causa disso, utilizou diversas técnicas didáticas como diálogos, figuras de retórica (provérbios, ironias e outros) e principalmente as parábolas, ou seja, narrativas fictícias com o objetivo de ensinar suas doutrinas e seus preceitos.
Através dessas parábolas é possível conhecer seus principais ensinos. Porque elas são ilustrações de verdades morais e espirituais aplicáveis a situações existenciais de seus ouvintes. Mas, para entendê-las é necessário sujeitar-se à pessoa de Jesus como Messias e aceitar o reino de Deus que estava brotando em seu ministério.
O simples fato de ser mestre ou professor não é em si relevante, porque só há ensino quando há aprendizado. Cristo foi um professor-mestre porque ensinava diferente de outros mestres de seu tempo e, com isso, as pessoas aprendiam.
 
O professor não se limita a lugar e a pessoas
Nos tempos de Jesus, havia escolas nas aldeias da Palestina onde se aprendia a ler o hebraico e a reconhecer as primeiras transposições em aramaico. Depois, nas escolas secundárias, aprendia-se a interpretar a Escritura com a ajuda das tradições orais.
As sinagogas exerceram função decisiva na organização cultural e educacional israelita. Deram continuidade à instrução que já fazia parte da vivência judaica, desde os relatos do Pentateuco. Nascendo das reuniões patrióticas cultuais dos judeus exilados, elas foram centros nacionais na diáspora e tiverem papel capital quando aconteceu a destruição do templo. Através delas, o ensino foi tão importante para esse povo que foi capaz de manter a unidade da nação durante milênios.
No tempo de Jesus, havia sinagoga em todo vilarejo de certa importância. Entretanto, o ensinamento de Jesus é apresentado nos Evangelhos como uma novidade, em face dos hábitos dos escribas, Mc 6: 1-6. O Mestre soube ser estratégico. Não se limitou a lugar e a pessoas.
Por um lado, selecionou alguns homens para treiná-los, discipulá-los; por outro, dirigiu seus ensinamentos centrais para todos. Jesus ensinava as multidões, seus discípulos, alguns grupos específicos, a indivíduos isolados e aos chefes religiosos. Os lugares eram os mais diversos. Podia ser nas sinagogas, no templo, ao ar livre, nas praças, à beira-mar e ao longo do caminho.
Assim, seu ensinamento parecia diferente aos ouvidos daqueles que o ouviam, mas nem por isso deixou de ser verdadeiro e impressionável. Jesus tinha autoridade para ensinar e não fez ruptura com os conceitos que os judeus já possuíam, porém a sua dimensão foi ampliada.
 
O professor sabe o que ensina
Jesus era flexível. Usava o Antigo Testamento, a natureza e situações concretas e existenciais em que viviam seus ouvintes. Quando ensinava sobre Deus, sobre o Reino e sua vontade, não se afastava muito dos temas do judaísmo e dos rabinos. O que mudou foi o tratamento que deu aos mesmos conteúdos. Radicalmente se posicionou em defesa da vida do povo e contra as teorias abstratas usadas ideologicamente para manter uma estrutura religiosa e social.
A principal novidade acerca de seus ensinamentos era o que dizia sobre o Reino de Deus. O tema não era novo, mas Jesus lhe deu um novo conteúdo. No judaísmo, Deus era um rei cujo reinado se estendia somente sobre Israel e seria reconhecido por todas as nações ao final dos tempos. Porém, Jesus usou o conceito de Reino de Deus em um sentido escatológico e não no sentido de reinado limitado no tempo e no espaço. A inovação foi que esse Reino já estava pronto a manifestar-se em todas as dimensões, Lc 7: 22, e implicaria em juízo e mudança de vida.
 
Professor tem aptidão para o ensino
Jesus tinha habilidade para ensinar. Ele foi o mestre ideal porque praticamente empregou os métodos usados hoje em dia: perguntas, preleções, histórias, conversas, discussões, dramatizações, lições objetivas, planejamentos e demonstrações. Ele viu no ensino a oportunidade de formar os ideais, as atitudes e a conduta do povo em geral.
A principal ocupação dele foi o ensino. Embora algumas vezes operasse a cura, outras vezes milagres, pregava frequentemente e foi sempre o Mestre. Ele fez do ensino o agente principal da redenção.
A partir dos ensinos de Jesus, as igrejas precisam ter preocupação maior com educação cristã. É necessário educar as pessoas para a vida cristã, ensinando as doutrinas básicas do cristianismo: Deus, Jesus, Espírito Santo, Igreja, Bíblia, vida cristã, ética e outros. É importante educar para a pratica religiosa, ou seja, o ensinar a respeito de como manter e desenvolver a fé, que permitirá que os cristãos se tornem praticantes e não somente ouvintes.
E, por fim, é necessário também educar para a práxis religiosa. A educação cristã acontece quando se segue o ensinamento de Jesus e isso se faz compartilhando o que se sabe com os outros. Torna-se, com isso, uma experiência comunitária e de transformação histórica.

          Conclusão

Ser mestre a partir de Jesus é ter compromisso com reino de Deus e ser responsável em atuar dentro do reino dos homens. Nesta caminhada de ensino e aprendizado, o cristão transmitirá e viverá as ideias do reino dos céus como meio de implantação da vontade de Deus dentro do mundo dos homens. Isso dará novo rumo na vida de quem está aprendendo. Valorizemos, pois, as EBDs em nossas Igrejas.


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Escola Bíblica


ESCOLA BÍBLICA - REVISTA E ATUALIZADA
Olga Maria R. N. Sant’Anna
Pontualmente, no mesmo local, um grupo se reunia para estudar a Bíblia, apesar de estar limitado pelo cabresto dogmático que impôs a si mesmo com o passar dos anos. Mas, a presença de um visitante inesperado trouxe grande surpresa e inquietação. Em seu discurso, o visitante apresentou uma interpretação nova e inconcebível aos seus ouvintes. Diante da argumentação contundente, e sem meios de respondê-la, não houve outra posição a tomar, a não ser a rejeição total acompanhada de perseguição.
Um segundo grupo recebeu o mesmo visitante, mas ao ouvir coisas tão conflitantes com o que acreditava até aquele momento, se dedicou a pesquisar e verificar a fundamentação bíblica dos argumentos apresentados. Ao findar a pesquisa, o grupo aceitou as afirmações do visitante.
Talvez pudéssemos registrar dessa forma as reações antagônicas dos judeus tessalonissenses e bereanos diante da releitura que Paulo fez do Antigo Testamento para apresentar Jesus como o Cristo, há muito esperado por eles. Exaltamos a atitude dos bereanos porque tomaram a decisão acertada, mas negligenciamos o processo em que isto aconteceu. Infelizmente não estamos oferecendo aos crentes de hoje os subsídios necessários para o mesmo aprofundamento na Palavra. Não oferecemos os instrumentos para que o crente tome decisões acertadas pautado na Palavra de Deus. Cabe a pergunta: Que tipo de ensino bíblico temos oferecido? Por que os membros de nossas igrejas não estão preparados para discernir as muitas doutrinas que chegam até eles? Podemos pensar em algumas possíveis respostas.
Supervalorização do Professor
Tem-se adotado um modelo tradicional de ensino colocando o professor no centro do processo ensino-aprendizagem.Aliás, o pensamento ainda dominante é: o professor ensina - o aluno aprende. Por isso direcionou-se todo o esforço pedagógico para transmitir conteúdo ao professor, que por sua vez deve transmiti-lo ao aluno. Paulo Freire denomina este processo de "Educação Bancária", pois se faz o depósito de conhecimento no outro. É interessante verificar este processo na descrição do papel do professor de adultos como intérprete da Palavra na visão de Norvel Welch:
·  O professor da Escola Bíblica Dominical é um intérprete da Bíblia. Ele foi nomeado para este fim. Ele fica ao lado do seu aluno para dar as melhores explicações possíveis, para esclarecer palavras e frases difíceis, para desaconselhar conclusões precipitadas e para evitar interpretações espúrias, forçadas ou prejudiciais.
Afirmar que algumas pessoas podem interpretar a Bíblia e outras não, é voltar a Idade Média. As Sagradas Escrituras eram objeto de posse da Igreja e somente nela, por intermédio do clero, é que o povo podia ouvir seus ensinamentos. É bom lembrar que os batistas, assim com fez Lutero, defendem o livre exame das Escrituras.
Uma visão mais interativa do papel do professor , podemos encontrar em Lucien E. Coleman Jr. Para ele a função do professor é facilitar a aprendizagem, criar condições favoráveis para que ela aconteça. Além de interpretar a Bíblia, o professor tem a difícil tarefa de ajudar os alunos a interpretá-la.
 ·  O que é mais fácil: ajudar alguém a compor sua própria interpretação da Bíblia ou simplesmente contar-lhe a sua? O que exige mais capacidade: "expor o assunto" de uma maneira pré-fabricada ou orientar os alunos à medida que eles descobrem a verdade por conta própria?
Mas, no dia-a-dia da Escola Bíblica em muitas regiões do Brasil, infelizmente, nem professor, nem aluno interpretam a Bíblia. Ambos reproduzem a interpretação feita pelo autor da revista utilizada, com total ausência de senso crítico.
Ensino Bíblico Para Reprodução
O resultado disto, depois de anos, é um ensino bíblico com ênfase na reprodução. Produzindo alunos passivos e dependentes, que não sabem "responder a razão de sua fé". Eles somente repetem o que seu professor ou pastor lhe transmitiu. Estão prontos para reproduzir os argumentos daqueles que mais o impressionaram, mesmo que sejam líderes de doutrinas divergentes. Quando os questionamentos externos, fogem dos parâmetros da revista, nossos alunos não sabem reagir.
Podemos imaginar que os tessalonicenses visitados por Paulo na sinagoga podiam reproduzir somente os ensinamentos de seus mestres. Não estavam preparados para uma confrontação com um ensinamento diferente. Sem conhecer e utilizar os princípios de interpretação bíblica, sem desenvolver o hábito de pesquisar em outras fontes além da revista, do professor ou do pastor, nosso povo está despreparado para enfrentar o misticismo deste final de século.
No entanto, segundo o autor do livro Programa de Educação Religiosa, "o objetivo da educação religiosa é a formação de uma consciência que oriente a conduta do cristão à luz da Palavra de Deus ..." A formação da consciência crítica para tomada de decisões acertadas, principalmente aquilo em que devemos crêr, vai acontecer mediante problematização, debate, reflexão. Precisamos criar um clima favorável a questionamentos por parte dos alunos, mas precisamos oferecer-lhes condições de usarem os princípios hermenêuticos em sua confrontação com a Bíblia . É indispensável conhecer os instrumentos básicos para interpretar a Bíblia e achar as possíveis respostas para os questionamentos feitos ou novas idéias que aparecem constantemente.
Separação entre Bíblia e Realidade
Por mais importante que a Bíblia seja para nós, não podemos ensiná-la fazendo um corte com a vida, com a realidade do aluno. Mais importante que o saber cognitivo da Bíblia, mais importante do que a memorização de capítulos inteiros, é entendermos a sua mensagem ontem e hoje. O que Deus está nos dizendo através de Sua Palavra? Informações sobre os fatos históricos são importantes para entendermos o contexto, mas se pararmos tão somente neste estágio, a Palavra não cumprirá o seu objetivo: conhecermos a vontade de Deus.
Outro aspecto a considerar é que a Palavra de Deus ensina a cada um de nós a lição que precisamos. Deus sabe exatamente aquilo que precisamos mudar em nossas vidas e nós também sabemos. Num processo de ensino-aprendizagem é o aluno quem deve descobrir como aplicar o texto bíblico estudado em sua vida. Normalmente, numa visão paternalista de ensino, o professor é quem dá a aplicação do texto pronta para o aluno no final da aula.
Estrutura Enferrujada
Uma estrutura educacional existe para facilitar o processo de ensino-aprendizagem. Porém na Escola Bíblica muitas vezes acontece o contrário: professor e aluno são oprimidos pela estrutura. Por isto optamos por analisar a estrutura com os olhos do professor e do aluno. Talvez possamos encontrar respostas para perguntas como: Por que é constante a busca por professores? Por que é baixa a freqüência e reduzido o número de matriculados?
O Professor
São muitas as exigências para o professor da EBD. Além de ensinar a Palavra, segundo Norvel Welch ele também deve ser exemplo em sua vida cristã; evangelizar colocando Cristo como Salvador em qualquer lição que ensinar; ser o líder da classe na visitação dos doentes e faltosos e ainda ser o amigo e conselheiro de todos os alunos. Quase que estamos descrevendo um super-crente. A realidade é outra. A vida do professor é agitada durante toda semana. Seu tempo tem que ser dividido com família, trabalho e muitas vezes estudo. É hora de perguntarmos que apoio o professor tem recebido para realizar seu trabalho? Se entendemos que ele é importante no processo, então temos que ajudá-lo. Abaixo você pode encontrar algumas sugestões.
Fatores Motivadores
Fatores Desmotivadores
  • Ao ser convidado, receber suas tarefas por escrito.
  • Participar do processo de escolha do currículo.
  • Escolher o conteúdo que gostaria de ensinar e se aprofundar.
  • Receber orientação pedagógica direcionada às suas dificuldades no ensino.
  • O dever de dominar a cada trimestre todo o conteúdo da revista, sem ter chance de se aprofundar em um livro ou período histórico da Bíblia.
  • Receber a revista com poucos dias de antecedência para se preparar.
  • Participar de Estudo Prévios cansativos, que tentam explorar todo o conteúdo do trimestre em poucas horas.
  • Receber xerox de capítulos de comentários ou dicionários que auxiliarão em sua pesquisa referente as lições que serão estudadas.
  • Receber um cartão ou uma visita no dia do seu aniversário.
A ausência de espaço adequado e recursos didáticos.
·  Ser avaliado a cada trimestre pelos alunos e pela Escola, de forma que possa identificar os aspectos que demonstram seu progresso e/ou dificuldades.
·  Utilizar diferentes tipos de avaliação para identificar o desenvolvimento ou não da classe a cada trimestre.
·  Ter oportunidades para compartilhar vitórias e dificuldades com outros colegas em encontros informais, que favoreçam momentos devocionais e de lazer.
·  Receber da secretaria um relatório que demonstre a freqüência da classe com nomes e endereços de alunos faltosos, assíduos e visitantes.
  • A carência de apoio pedagógico e bíblico teológico.
  • Ter suas aulas interrompidas com freqüentes avisos.
  • Não ter o mínimo de uma hora para desenvolver a aula.
  • Trabalhar todos os domingos do ano sem direito a férias.
  • Nunca receber uma palavra de incentivo e reconhecimento do seu trabalho.
O aluno
Para começar, a EBD é uma escola muito fácil de entrar e difícil de sair. O processo de matrícula acaba por baratear o ensino. Segundo o Manual da EBD, a pessoa pode se matricular em qualquer domingo do ano, depois de uma ou mais visitas a uma classe. Somente em caso de morte, transferência para outra igreja ou mudança de residência para outra cidade é que se admite que um nome seja retirado dos registros da secretaria.
Que esforço a pessoa deveria fazer se ele é um aluno permanente numa escola? Que motivação teria para ser assíduo se sabe que deve fazê-lo por toda a sua vida e não por um período? Na minha opinião, seria mais atraente oferecermos ao aluno propostas de cursos, com currículo e carga horária definida, em que ele percebesse o seu desenvolvimento ao vencer etapas. Atualmente, o aluno passa para uma outra etapa automaticamente quando vence o estágio de desenvolvimento físico e mental de sua faixa-etária. Mas, existem outros fatores desmotivadores e motivadores. 
Fatores Motivadores
Fatores Desmotivadores
  • Pertencer a um grupo de estudo de seu interesse ou de sua faixa-etária.
  • A cada trimestre ter mais de uma opção de estudo e matricular-se para tal.
  • Estar aprendendo mais sobre Deus e como interpretar e aplicar a Sua Palavra.
  • Perceber que a cada etapa, o estudo apresenta um grau maior de dificuldade.
  • Fazer descobertas durante o estudo.
  • Usar diferentes materiais de apoio para pesquisa.
  • Participar de atividades extra-classe que sejam complementação do estudo bíblico.
  • Receber apoio da classe para superar dificuldades pessoais.
  • Compartilhar com a classe seus pedidos de oração.
  • Ser avaliado em seu desenvolvimento no conhecimento bíblico por professor e colegas e por ele mesmo.
  • Fazer a cada domingo, a aplicação do texto bíblico com sua vida.
  • Periodicamente, fazer uma auto-avaliação.
  • Ter mais opções de dias e horários para o estudo bíblico.
  • Ouvir a exposição da lição por parte do professor .
  • Estudar um conteúdo que não escolheu.
  • Estudar o mesmo assunto diversas vezes e com abordagem semelhantes.
  • Ser esquecido no dia do seu aniversário.
  • Ter o estudo interrompido por constante faltas do professor.
  • Usar uma literatura de apoio pouco atraente.
  • Ter o seu tempo de estudo reduzido por avisos e abertura do departamento a que pertence.
  • Passar um trimestre após o outro, sem nunca identificar o seu crescimento ou não depois do estudo.
  • Ouvir do professor a aplicação do texto bíblico.
  • Nunca ser ouvido pelo professor, diretor da EBD e demais líderes, sobre como vê a estrutura adotada, o nível de ensino, etc.
  • Nunca receber uma palavra de incentivo por sua frequência e assiduidade.
  • Apesar de seu esforço no estudo da lição, não lhe é dada a oportunidade de ter a experiência de conduzir processo ensino-aprendizagem.
  • Ter dois professores que se revezam a cada domingo. Apesar do assunto ser o mesmo, o processo é interrompido, pois cada professor tem o seu estilo.
PASSOS PARA REVISÃO E CORREÇÃO 
1. Avaliar: reunir a liderança da EBD para avaliar o momento atual e identificar o pontos fortes e fracos.
a. Entrevistar o pastor para identificar sua visão sobre EBD.
b. Desenvolver um formulário de pesquisa onde professor e aluno podem expressar suas opiniões sobre a administração da EBD, sua estrutura (horário, salas, abertura e encerramento, divisão em departamentos e classes por faixa-etária, etc), literatura, e também colher sugestões.
c. Com cuidado e sensibilidade, desenvolver um formulário para que o aluno avalie o trabalho do professor ao final do trimestre.
d. O aluno também deve ser avaliado pelo professor para verificar a aprendizagem do mês ou trimestre. (Deve-se evitar perguntas objetivas que provocam respostas que foram memorizadas.)
e.Incentivar a auto avaliação do aluno e do professor.
2. Planejar: Reunir o Conselho da EBD para que a partir das informações coletadas, identificar as necessidades, redefinir a estrutura a ser utilizada, estabelecer alvos, definir estratégias e o cronograma de execução. Se for necessário nomear uma comissão para estudar e sugerir o currículo, mas que seja receptiva a coletar sugestões de professores e alunos. O currículo deve ser flexível e com alternativas para alunos e professores.
3.Orientar: Cada pessoa que atua na EBD (diretor, professor, secretários, líderes de integração) precisa estar segura sobre as tarefas que terá que realizar. Muitas vezes é mais produtivo orientar individualmente e acompanhá-las em suas dificuldades.
a. Dar tarefas por escrito
b. Solicitar leituras de apoio, se necessário,
c. Ajudar na execução de tarefas de maior dificuldade,
d. Agendar datas para apresentação de tarefas
e. Elogiar o cumprimento das tarefas
Para a prover a formação de professores, algumas igrejas utilizam a Classe de Professores Permanente, algumas vezes antes do horário da EBD, outras vezes por revezamento de professor titular e auxiliar durante o horário da EBD. Depois de algum tempo esse sistema se torna cansativo e ineficaz. Quero sugerir a promoção de um curso para professores com um currículo elaborado a partir das necessidades identificadas na avaliação ou individualmente. O importante é que o curso tenha uma duração definida e não muito extensa (três meses), que tenha o assunto bem delimitado, que seja em horário adequado para a maioria dos professores. Ao final, o professor deve receber um certificado num momento especial, diante de toda igreja.
4. Promover:
a.Carta aos faltosos e membros da igreja que não são alunos, convidando para novos cursos, classes ou projetos que foram planejados.
b. Cartazes, faixas, mural da EBD, boletim da EBD, etc.
c. Anúncios em rádio (se possível e viável)
d. Promoção de eventos: Congresso da EBD, culto sob a direção da EBD com ênfase no Estudo Bíblico; Dia da Bíblia, Acampamentos, etc.
5. Avaliar:
Não haveria razão de escrever este artigo, caso os educadores e pastores, tivessem o hábito de avaliar permanentemente. Por melhor que seja o projeto a ser experimentado, deve ser avaliado.Alguns poucos educadores já descobriram esse caminho e estão promovendo mudanças significativas em seu sistema de ensino bíblico.
Vivemos um momento de transição muito importante. Queremos romper que a Escola Bíblica Tradicional, mas ainda não encontramos soluções para todos os problemas. Uma coisa é certa: não existe uma proposta modelo de EBD que atenda a todas as igrejas. Mais interessante do que isso, seria a existência de vários modelos de EBD, que nos servissem de motivação para elaborarmos uma proposta adequada para nossa realidade. Estamos nesta direção!