domingo, 29 de janeiro de 2012

Novas ideias sobre EBD.

Há praticamente 15 anos tenho desempenhado a função de professor da Escola Bíblica Dominical e isso agora me permite fazer uma avaliação, pelo menos em linhas gerais, da qualidade do ensino que tem sido ministrado às crianças, adolescentes e adultos.

Há não ser que eu tenha tido a infelicidade de estar vinculado a congregações que não tinham tradicionalmente uma EBD de qualidade, a impressão que eu tenho, de acordo com minha experiência - e peço desculpas se estiver errado – é que há uma deficiência considerável na qualidade de ensino.

Por inúmeras vezes, já assisti a aulas nas quais senti sono, e acabei entendendo que não se atribuir total culpa aos cristãos pela falta de interesse em ir à EBD. Quem tem estrutura para ouvir, durante mais de uma hora, um professor apático, tedioso, sem nenhuma criatividade, que apenas repete o texto da revista como um robô e nada mais? Não bastasse isso, no final da aula às vezes se tem de ouvir o dirigente da congregação repetir, de maneira insípida, todo o conteúdo da revista, aumentando ainda mais o tédio. Não é de se estranhar que, em muitas congregações, a audiência seja pouca. Essa “mesmice” é um fardo.

É necessário que saiamos de nosso comodismo e pensemos em formas de mudar essa situação. Temos de reinventar a EBD, através da adoção de medidas que proporcionem o seu crescimento e assim atraiam novamente os filhos de Deus para o ensino. Quero dar a minha contribuição apresentando uma relação de providências que, segundo minha opinião, devem ser tomadas:

1) Escolha criteriosa dos professores

É inegável que os professores da EBD de nossas igrejas são, em sua maioria, pessoas sinceras e esforçadas, as quais buscam agradar a Deus com seus serviços. Entretanto, é também evidente que alguns deles não tem a mínima condição de ensinar. É preciso que o professor tenha algumas qualidades naturais, como uma boa dicção, desenvoltura, iniciativa, amabilidade, etc., apresente um certo domínio das Sagradas Escrituras e possua conhecimentos gerais de história, geografia, ciências e outras matérias que são ensinadas no ensino fundamental e médio. Não é preciso que se tenha um doutorado ou mestrado pela universidade de Harvard. O dirigente da congregação precisa localizar as pessoas com essas qualificações e arregimentá-las.

2) Reuniões com os professores

O superintendente da EBD, se possível com a presença do dirigente, deve realizar reuniões periódicas com os professores, com o objetivo de dar instruções gerais sobre os métodos de aula, corrigir as imperfeições e fomentar a troca de idéias.

3) Planejamento das aulas

O professor deve estudar durante a semana, minuciosamente, todo o conteúdo da lição; mais do que isso: precisa planejar a sua aula. Infelizmente, alguns professores deixam para estudar a lição no sábado à noite, durante dez minutinhos, antes de dormir. Outros nem estudam, contando que Deus lhes concederá uma inspiração divina na manhã de domingo, como se o Senhor ajudasse a preguiçosos. A promessa de Jesus é que o Espírito Santo nos lembraria de todas as coisas, mas nós só podemos lembrar daquilo que efetivamente estudamos.

4) Utilização de recursos audiovisuais

Segundo o “Manual de Ensino para o Educador Cristão”, de Kenneth O. Gangel & Howard G. Hendricks, “audiovisual” diz respeito à apresentação da informação constituída da combinação de som e imagem. Dentro desta definição encontramos ampla extensão de possibilidades. Mark Hendrickson ressalta que “esta teoria da educação considera a mídia muito além do conceito de recursos audiovisuais (ou seja, a mídia é somente uma auxílio na sala de aula tradicional). Para estes educadores, quando a mídia é corretamente compreendida e usada no ensino, ela se torna parte integrante de uma abordagem revolucionária à educação”.

O que os recursos audivisuais podem fazer?

a)Os recursos audiovisuais estimulam o interesse

Entusiastas dos recursos audiovisuais frisam que a aprendizagem acontece por todos os cinco sentidos e o uso da mídia tão-somente tira a vantagem de mais de um deles de cada vez. Isto força mais envolvimento e, conseqüentemente, mais interesse. Certo estudo indica que aprendemos:

1% pelo paladar
1,5% pelo tato
3,5% pelo cheiro
11% pelo ouvido
83% pela visão.

b) os recursos audiovisuais aceleram a aprendizagem

Quando uma importante academia de aviação trocou os tradicionais métodos de ensino por simuladores de vôo, houve redução de um terço à metade do tempo de treinamento.

c) Ainda, segundo o manual citado, os recursos audivisuais evitam mal-entendidos

Durante um jantar de domingo um pastor perguntou ao seu filho, que tinha cinco anos de idade, que lição tinha aprendido na Escola Dominical. “Oh, sobre baleias”, respondeu ele. “É mesmo! O que as baleias fizeram?”. “Elas deram água para centenas de camelos, bois e ovelhas”. “Não diga!”. “Como foi que elas fizeram?”. “Bem, elas só abriram a boca e a água saiu”. No fim adivinhei que a lição fora sobre os poços que os patriarcas cavaram nos tempos bíblicos. O pastor também descobriu que a professa não tinha usado qualquer recurso audiovisual.

d) Os recursos audiovisuais melhoram a memória.

Estudos revelam que o uso da mídia afeta significativamente o quanto nos lembramos. Quando o professor só fala, depois de três dias lembramos de 10% do que foi ensinado. Quando o professor só mostra, depois de três dias lembramos de 20% do que foi ensinado. Quando o professor usa uma combinação de falar e mostrar, depois de três dias lembramos de 65% do que foi ensinado!

5) Utilização de métodos criativos de ensino

Vejamos o que diz o livro “101 Idéias Criativas” de David Merkh e Paulo França: “O problema com muitos professores é que eles ficam “bitolados” – os mesmos métodos, a mesma estrutura – a síndrome do “mesmo-mesmo”. Criatividade exige inovação, que implica insegurança para muitos. Mesmo que “não exista nada novo debaixo do céu” (Eclesiastes 1.9), para o professor existe muita novidade, pois ELE nunca usou determinado método com esses alunos. E se não funcionar?. E se os alunos derem risadas de mim? O professor seguro reconhece que uma idéia ou outra não vai funcionar mesmo, mas que o risco será mais do que recompensado a longo prazo. Pelo menos descobriu algo que NÃO funciona em determinado contexto. Além disso, estará formando hábitos como comunicador que tornarão sua aula uma experiência de aprendizagem, e não simplesmente “mais uma aula”. Acima de tudo, NÃO DESISTA, mesmo que uma idéia ou outra não funcione.”

6) Necessidade de recapitulação

Como saberemos se o alunos efetivamente aprenderam alguma coisa? Recapitulando a matéria por meio de avaliações e provas. Segundo o livro acima citado “infelizmente, a maioria dos professores não explora essa técnica excelente da melhor forma. Por exemplo, muitas vezes o professor faz a correção da prova muito tempo depois da aula, sem devolvê-la e sem a correção dos erros do aluno. O ideal em termos do uso da prova como forma de recapitulação é que os próprios alunos a corrijam logo depois de fazê-la, e que consertem seus erros. A criatividade maior na elaboração de provas e exames também despertará uma aprendizagem melhor pelos alunos.
Minha oração é que Deus venha a incutir essas idéias em nossas mentes e nos conceda condições para colocá-las em prática e assim revolucionar a Escola Bíblica Dominical.

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